
Não é fácil ouvir os portugueses falarem sobre iberismo. Daí tentarmos criar estes pequenos textos, onde explicamos as vantagens de ser iberista sem abdicar daquilo que nos custou mais a alcançar: a nossa soberania como nação.
E é que o iberismo poderia ajudar-nos a melhorar nos seguintes pontos:
Fortalecimento económico
Portugal é um país com problemas económicos estruturais, e embora tenhamos feito bem algumas coisas nos últimos anos, fomos economicamente ultrapassados por países do Leste, como Letónia, Lituánia, Estónia ou Eslovénia (este último país da antiga Jugoslávia, que passou por uma guerra civil)

Os portugueses podem chegar a trabalhar até 60 horas semanais, segundo a legislação laboral
A cooperação económica entre Portugal e Espanha seria muito benéfica para Portugal, pois permitiria-nos aumentar o nosso poder de compra, reduzir os custos das importações, harmonizar legislações laborais, que nos permitam trabalhar menos horas, alcançando a redução para 35 ou 33 horas semanais proposta pela Sociedade Iberista.
Repare, atualmente, após a reforma do artigo 203 do Código do Trabalho, os portugueses podemos trabalhar até 50 horas semanais. Foi uma melhoria introduzida em 2019, reduzindo de 60 para 50 horas. No entanto, a Espanha procura reduzir a sua jornada semanal para 37,5 horas, com o objetivo final de alcançar as 35 horas semanais. (Consultar ranking)

Nós iberistas consideramos que uma melhor conciliação entre a vida familiar e profissional, ajudaria a aumentar a produtividade e a fortalecer as nossas economias. Deixaríamos de ocupar as posições 12 (Espanha) e 22 (Portugal) no ranking, para talvez conseguirmos entrar entre os 10 países mais produtivos da Europa.
O mesmo aconteceria se falássemos de licença de paternidade, férias, assuntos pessoais, etc…
Proximidade cultural e histórica
Embora a história tenha mostrado que Portugal e Espanha nem sempre tiveram a melhor relação, desde 1986 o cenário mudou muito. Atualmente, desenvolvemos uma concepção e um sentimento que partilhamos uma história e uma cultura comum, ibérica, que remonta a muitos séculos atrás. Não apenas isso, mas a situação geográfica, assim como as semelhanças entre as nossas línguas, que facilitam bastante uma colaboração necessária para melhorar ambos os países.
Influência regional e global
Ficou demonstrado que um Eixo ibérico, será levado em conta na União Europeia, uma vez que não somos apenas os países mais europeístas da Confederação (UE), mas também conseguimos mostrar em Bruxelas que aqui existem parceiros confiáveis. Fizemos isso com a aposta na «Exceção ibérica» e agora pretendemos alcançar isso com a criação de um hub tecnológico de âmbito peninsular, que permita à UE, deixar de depender do exterior neste setor. É importante criar uma aliança estratégica que nos leve a uma reindustrialização da Península Ibérica.
Devemos impulsionar a criação de uma aliança estratégica que permita a reindustrialização de Portugal e Espanha.
Quanto à influência global, tanto Portugal como Espanha podem abrir mercados muito interessantes na Iberoamérica e nos países africanos de língua portuguesa (PALOP).
Enfrentar desafios comuns
Tanto o despovoamento rural como as mudanças climáticas são problemas partilhados, especialmente no que diz respeito à gestão dos recursos naturais. Recursos cada vez mais escassos, especialmente a água.
Mas não apenas isso, é necessário garantir a segurança dos cidadãos, tanto nos desafios apresentados pela cibersegurança quanto na imigração ilegal descontrolada. E também a gestão de catástrofes que afetam um, outro ou ambos os lados da fronteira. A união de esforços poderia facilitar a implementação de soluções mais eficientes e sustentáveis.
Crescimento cultural e educativo
Este ponto pode parecer menos importante do que os outros. Mas a nossa língua, por exemplo, poderia beneficiar muito se conseguirmos que os alunos espanhóis comecem a aprender português.
Por isso, os intercambios culturais, programas académicos conjuntos, aumento do montante das bolsas Erasmus para estudar em Espanha ou as escolas de fronteira poderiam fortalecer os laços e promover uma identidade ibérica.

Como pudeste verificar, em nenhum momento se fala de uma união política, porque, por enquanto, não é necessária. Através de Tratados bilaterais e uma maior colaboração entre ambos os governos, podemos aproximar duas sociedades que tradicionalmente se viraram de costas e colocá-las a trabalhar em conjunto, para melhorar a vida dos seus cidadãos.
Isso é o iberismo do século XXI. Um iberismo prático e útil para portugueses e espanhóis.